O Existencialismo Antropológico


Quando matuto nas grandes questões que afectam directa e indirectamente a Humanidade no seu todo, a minha mente projecta-se sempre em várias direcções, procurando encontrar respostas satisfatórias às múltiplas interrogações que vão inundando o meu pobre espírito. É um exercício cognitivo bastante aliciante e concomitantemente desafiante que, muitas das vezes, carrega o sentimento de impotência em compreender holisticamente os infindáveis mistérios subjacentes ao ser humano. 

A origem do Homem e a sua natureza (i)mortal, bem como o surgimento do mal no mundo, é toda coberta de arcanos que jamais conseguiremos penetrar do ponto de vista gnosiológico. Por isso, muitos dos reputados filósofos e pensadores ao longo da História precipitaram-se nas suas argúcias construções dogmáticas em torno da ontologia do ser humano, ficando bastante aquém da verdade objectiva. Tanto as concepções de Platão, René Descartes, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Søren Kierkegaard, e tantos outros, precisam ser reformuladas porque reduzem aquilo que é a teleologia do Homem, descuidando, máxime, a sua componente de "Imago Dei" graciosamente imputado nele aquando da sua impoluta criação no jardim do Éden. Infelizmente a sistemática querela doutrinária no seio do Cristianismo ofusca em larga medida o importantíssimo esclarecimento que se poderia fazer a esse nível, especialmente na mitigação de inúmeras dúvidas comummente enraizadas na mente das pessoas. 

O Homem é um ser composto por componente material e imaterial na sua complexa estrutura antropológica, razão pela qual é perfeitamente natural que surjam séries especulações erráticas a seu respeito. Além dessas inevitáveis buscas conceptuais, existem ainda outras realidades obnubiladas que podemos extrair e sublinhar, desde logo: por que razão se deu a existência do Homem? E porque é que é condenado a um destino fatalístico, que vai culminando com a sua prematura morte? Qual é a finalidade última da morte? Porquê que alguns Homens são bons e outros maus? O que acontecerá depois da consumação dos séculos? E a rotina da vida no além, para aqueles que piamente acreditam nela, como será? São estes e mais outros conjuntos de perguntas que me levam a concluir, de forma peremptória, que a problemática do existencialismo é uma questão imanente e simultaneamente transcendental. Ali, em relação à explicação do âmago de toda a funesta desgraça no Universo, prende-se com a deliberada desobediência do próprio ser humano no início da criação, dando origem aos incalculáveis anátemas que temos assistido ao longo dos tempos. Aqui, tal realidade somente se afere com a preciosa coadjuvação divina, habilitando-nos, ao mesmo tempo, a contrair antídotos necessários para combatê-la eficazmente. 

Por mais doutos que sejamos nunca encontraremos autêntica resposta a estas difíceis interrogações com a faculdade da razão, não obstante amiudamente cismarmos nelas. Isto porque elas unicamente se discernem espiritualmente, sob pena de tornarmos ainda mais complexo aquilo que por si só é de difícil compreensão. Este é o motivo pelo qual, apesar da aparente "objecção de consciência" inicial assinalada, acabo sempre por chegar à harmonia derradeira e reconciliar-me definitivamente com todas as minhas curiosidades, reticências, inquietações, dúvidas, frustrações, interrogações, ideias e ideais de vida. A minha convicta e inabalável fé no Eterno Jesus Cristo, o meu único Senhor e Suficiente Salvador, capacita-me a isso: a divisar sabiamente as problemáticas do existencialismo antropológico e, simultaneamente, encontrar resposta cabal de tudo o que existe e acontece no Universo criado pela obra das Suas Mãos.